Apocalipse

[bíblia]

Pode-se dizer que Apocalipse, sinônimo de Revelação, sendo seu título grego άποκάλυΨιςapokalupsis, segue adequadamente as epístolas católicas29. Nelas os últimos tempos estão em vista, e o mal é apontado em conexão com a Igreja: então segue esta profecia, a primeira parte da qual diz respeito à Igreja vista como portadora da luz na Terra: ela aguarda rejeição assim como o mundo aguarda juízo. A revelação foi dada a Jesus Cristo por Deus como Governante Soberano. Foi significada30 a João, e ele escreveu o que viu e ouviu. Não se sabe quando o livro foi escrito, nem por qual imperador João foi banido para a ilha de Patmos. Alguns julgam que foi Cláudio (41-54 d.C.), outros Nero (54-68 d.C.), e outros Domiciano (81-96 d.C.): é mais geralmente atribuído ao último nomeado e, se assim for, à data do livro seria após a destruição de Jerusalém em 70 d.C.

Há menos manuscritos antigos do Apocalipse do que de qualquer outra parte do Novo Testamento, e alguns dos agora conhecidos não foram descobertos depois da data de muitas traduções de que dispomos; isso torna muito numerosas as “várias leituras” que agora são apresentadas, algumas delas importantes.

O livro evidentemente se divide em três partes (Ap 1:19):

 

1. “as coisas que tens visto – encontradas em Apocalipse 1.

2. “as (coisas) que são – ou seja, as sete igrejas especificadas que então existiam na Ásia (Ap 2-3).

3. “as (coisas) que depois destas hão de acontecer” – contidas em Apocalipse 4 até o fim. É evidente que “depois destas” se refere à retirada de toda a Igreja da Terra, e não simplesmente ao desaparecimento das sete igrejas particularmente nomeadas. A revelação completa foi endereçada às sete igrejas (como representando toda a Igreja), embora cada assembleia também tivesse um pequeno discurso especialmente para si mesma.

Apocalipse 1. Após a introdução, Cristo é visto no meio dos sete castiçais de ouro, que representam as sete igrejas como portadoras de luz. Ele era semelhante ao Filho do Homem, vestido, não para o serviço, mas para o julgamento sacerdotal, com olhos como chama de fogo e pés como latão reluzente, como que refinado numa fornalha: Seu rosto como o Sol quando em sua força resplandece, e saindo de Sua boca uma espada afiada de dois gumes: nada pode escapar de Seu julgamento. João, que, quando Cristo estava na Terra, encostava-se em Seu seio, vendo-O agora em um aspecto tão diferente, caiu a Seus pés como morto. O Senhor o tranquiliza, dizendo-lhe que Ele tem as chaves da morte e do hades31. Cristo tem sete estrelas em Sua mão direita, e as estrelas são os anjos das sete igrejas, ou seja, representantes, como se o espírito de cada igreja fosse personificado.

Apocalipse 2-3 contém os discursos às sete igrejas: o número sete é símbolo de completude, e podemos, portanto, assumir que essas igrejas representavam o todo; e, embora realmente existissem na época, são selecionadas para mostrar as várias características que se tornariam aparentes sucessivamente na Igreja até o fim: o fim sendo manifestado pela apresentação da vinda do Senhor às últimas quatro igrejas. Esses sete discursos podem ser descritos como a visão de Deus sobre a Igreja em suas várias fases apresentadas profeticamente.

Nas variadas condições das igrejas, aqueles que têm ouvidos são especialmente endereçados e os vencedores são encorajados. Um vencedor é aquele que tem fé para superar o perigo específico que existe em seus dias. Para cada discurso existem três partes:

1. A apresentação do Senhor, que é diferente em cada uma.

2. Seu julgamento quanto ao estado de cada assembleia.

3. A promessa aos vencedores.

1. ÉFESO. A partir das várias menções a esta igreja em Atos e nas Epístolas, é evidente que seu declínio foi gradual (At 20:29-30; 1 Co 15:32; 1 Tm 1:3; 2 Tm 1:15). A marca discernida por Cristo foi que ela havia deixado seu primeiro amor. A perda da verdadeira fonte e poder de devoção e serviço caracteriza o primeiro declínio na Igreja: ninguém poderia ter observado isso a não ser o Senhor, mas é falado como uma queda e é chamada ao arrependimento, ou o castiçal dela seria removido de seu lugar. Historicamente, ela representa a Igreja após a partida do “sábio arquiteto” (1 Co 3:10).

2. ESMIRNA. Nada é dito aqui em forma de desaprovação; a igreja está em um tempo de perseguição e é encorajada por Cristo no meio dela. A perseguição pode ser usada para tornar manifesto o que é verdadeiro e para aproximar a alma do Senhor. Os santos são exortados a serem fiéis até a morte, e Cristo lhes daria a coroa da vida. Historicamente, esta igreja representa o período de perseguição que começou sob Nero. Os “dez dias” de Apocalipse 2:10 podem representar dez perseguições diferentes, ou referir-se à duração de dez anos de perseguição sob Diocleciano. Em qualquer caso, dá a ideia de um limite.

3. PÉRGAMO. Temos aqui indicações muito distintas de tolerância de mal – primeiro em permitir aqueles que sustentavam o ensino de Balaão, o que levou ao comércio corrupto com o mundo, e depois que havia também aqueles que seguiam a doutrina dos Nicolaítas, odiosa para Cristo. Historicamente, esta igreja provavelmente representa o período em que o Cristianismo foi adotado pelo poder mundial (“onde está o trono de Satanás”), o que levou milhares a se tornarem nominalmente Cristãos e à incorporação de elementos e instituições pagãos na igreja professa. Satanás alterou suas táticas e os perigos eram peculiares, mas o Senhor procurava por vencedores.

4. TIATIRA. O mal permitido nesta igreja era sistemático e controlador, conforme indicado pelo nome da mulher, Jezabel, que se dizia “profetisa”. O resultado foi fornicação moral e idolatria; e filhos foram gerados do sistema. A atitude do Senhor é severa: Seus “olhos como chama de fogo e os pés como latão reluzente”. Um “restante”, ou remanescente, nesta igreja é reconhecido e tratado: e a fórmula “aquele que tem ouvidos para ouvir” ocorre, daqui em diante depois da promessa ao vencedor, indicando que, a partir deste ponto, espera-se que apenas aqueles que vencem tenham ouvidos para ouvir o que o Espírito diz às igrejas. O reino é trazido à visão na promessa ao vencedor. Historicamente, Tiatira representa aquela fase da história da igreja em que a influência de Roma se tornou predominante em sua tirania, mundanismo e corrupção. Não é difícil identificar Jezabel com a grande prostituta de Apocalipse 17-18.

5. SARDES. Uma frase de muita ênfase dá o caráter desta igreja: “tens nome de que vives e estás morto”. Era um nome que deveria levar vida, mas em Sardes estava identificado com morte espiritual. Houve fuga das corrupções de Roma, mas a verdade em seu poder purificador foi perdida. No entanto, houve alguns que não contaminaram suas vestes. A vinda do Senhor “como um ladrão” nos lembra do caráter de Sua vinda ao mundo como visto em 1 Tessalonicenses 5:2. Historicamente, Sardes apresenta o Protestantismo, depois que ele perdeu força espiritual e se tornou mundano e político.

6. FILADÉLFIA. Não há nada de mal imputado a esta igreja. Cristo Se apresenta como “o que é Santo, o que é Verdadeiro” e como tendo a chave da administração; e Ele diz: “tendo pouca de força, guardaste a Minha Palavra, e não negaste o Meu nome... guardaste a palavra da Minha paciência”. O próprio Senhor tem com eles o lugar de destaque, e a igreja é guardada da hora da tribulação que está chegando sobre toda a Terra. Pode-se dizer que o desenvolvimento histórico da Igreja termina com Tiatira; e Filadélfia representa, nos últimos tempos da história da Igreja na Terra, fidelidade ao próprio Senhor, por parte daqueles que buscam permanecer moralmente na verdade da Igreja.

7. LAODICEIA. Esta igreja é caracterizada, não por algum mal identificado, seja de doutrina ou prática, mas pelo orgulho de suas aquisições e pela autossuficiência, acompanhada de indiferença a Cristo. Embora se gabasse de ser rica e de nada precisar, era desgraçada, miserável, pobre, cega e nua. O homem em sua satisfação própria é a característica principal, e Cristo não é apreciado. Representa a arrogância do racionalismo e da alta crítica nos últimos dias da Igreja na Terra: Cristo está fora, mas ainda apelando, batendo para ser admitido no coração individual.

Apocalipse 4. Uma seção diferente do livro começa aqui: a saber, “as coisas que depois destas hão de acontecer”, eventos que ocorrerão depois que a Igreja deixar de ocupar um lugar na Terra como em Apocalipse 2-3. O “Arrebatamento” dos santos evidentemente ocorreu entre os capítulos 3 e 4 de Apocalipse, pois de agora em diante eles são vistos no céu. O apóstolo está no Espírito e a cena está no céu. João viu um trono que está em relação com a Terra; e Um assentado no trono como a pedra de jaspe e de sardônica: é Deus, mas apresentado de forma que Ele pudesse ser visto. E em “tronos” (e não “assentos”) estavam assentados vinte e quatro anciãos, o número perfeito dos remidos, assentados como sacerdotes reais, com coroas em suas cabeças. No meio do trono estavam quatro animais viventes, símbolos de poder, firmeza, inteligência, e rapidez na execução do governo de Deus, quando o trono é assumido (compare Ezequiel 1). Eles celebram Jeová Elohim Shaddai três vezes Santo, e os anciãos adoram seu Senhor e seu Deus como Criador de todas as coisas.

Apocalipse 5 traz outro elemento, a saber, o livro selado na mão direita d’Aquele que estava assentado no trono. João, em resposta ao seu choro, é informado que o Leão da tribo de Judá venceu para abrir o livro dos conselhos de Deus quanto à Terra. E quando ele olhou, viu um Cordeiro como havendo sido morto, que tinha os sete Espíritos de Deus, e Ele tomou o livro. Os quatro animais viventes e os anciãos se prostram, e o novo cântico de redenção é entoado. Os anjos declaram a dignidade do Cordeiro, sem mencionar redenção. Então, toda criatura em todo o universo fala da dignidade d’Aquele que Se assenta no trono e do Cordeiro para todo o sempre.

Apocalipse 6. O “livro” mencionado em Apocalipse 5 tinha sete selos, que são abertos em sequência. É um livro dos juízos de Deus, mas revelado em símbolos. Seis dos selos são abertos, mas antes da abertura do sétimo selo é intercalado um capítulo como um parêntese – Apocalipse 7. É notável que nos primeiros seis selos nenhuma alusão é feita aos anjos. O que se destacam são os cavalos e seus cavaleiros, que surgem sucessivamente ao chamado dos quatro animais viventes. Os cavalos podem representar poderes ou forças na Terra, e os cavaleiros, aqueles que os controlam ou que se aproveitam deles.

Primeiro selo Um cavalo branco e seu cavaleiro com um arco, a quem é dada uma coroa – conquista imperial.

Segundo selo Um cavalo vermelho e seu cavaleiro, que tira a paz da terra, e eles se matarão – o flagelo da guerra civil.

Terceiro selo Um cavalo preto e seu cavaleiro com uma balança – fome do necessário para a vida com suas devastações, mas há uma “voz” de restrição em meio a tudo isso.

Quarto selo Um cavalo amarelo e seu cavaleiro que mata com dolorosas pragas de Deus aqueles que estão na quarta parte da Terra: isto pode ser um continente.

Quinto selo Sob o altar são vistas as almas dos mártires – especialmente aqueles que foram mortos durante a primeira metade da 70ª semana de Daniel (compare Mt 24:9).

Sexto selo Nos primeiros quatro selos, vimos forças em ação, mas controladas; agora há um grande terremoto e o Sol, a Lua e as estrelas são afetados, indicando provavelmente a apostasia e a dissolução dos governos civis ordenados por Deus. Há um desmaio geral e os homens clamam pela morte, no temor de que o grande dia da ira do Cordeiro tenha chegado; mas estes são apenas juízos preliminares.

Apocalipse 7. Este capítulo é um parêntese, descrevendo a selagem de um número perfeito das doze tribos – os poupados de Israel; eles são selados para preservação (compare Rm 11:26). Uma grande multidão de todas as nações também está diante do trono e atribui salvação a Deus e ao Cordeiro. João é informado de que eles saíram da grande tribulação – não, porém, como tempo de angústia para Jacó (Jr 30:7). Eles são evidentemente almas convertidas após a presente dispensação da Igreja, e podem nunca ter conhecido o Cristianismo.

Apocalipse 8. O sétimo selo introduz as sete trombetas, que contêm algo da natureza de uma convocação final. As orações dos santos, apresentadas por um anjo distinto daqueles que possuem as sete trombetas, embora fragrantes diante de Deus, trazem, como consequência, juízos sobre a Terra.

Primeira trombeta. A prosperidade humana na terça parte do Império Romano é queimada.

Segunda trombeta. Uma grande montanha ardendo em fogo é lançada ao mar – algum grande poder terrenal influencia as massas com efeito terrível, e as relações comerciais são afetadas (compare Jr 51:25): pode corresponder à queda de Babilônia em Apocalipse 17-18.

Terceira trombeta. Uma grande estrela cai – algum grande poder do alto – e corrompe as fontes morais.

Quarta trombeta. Os poderes governamentais são desorganizados e estão em trevas. Uma grande águia (como agora é lido pelos editores, em vez de “anjo”), clama: “Ai, ai, ai” daqueles que habitam sobre a Terra. O cenário dos juízos deste capítulo é o Ocidente.

Apocalipse 9

Quinta trombeta. Uma estrela – alguém em poder – cai do céu: seguem-se trevas morais e influência satânica. Há retidão fingida, mas os participantes são cruéis, enganosos e amargos. Este juízo é dirigido contra os israelitas que não têm o selo de Deus.

Sexta trombeta. Formas de maldade, lideradas por Satanás, até então controladas no Oriente, são liberadas. A terça parte dos homens é morta por pragas. O que se refere provavelmente é a morte moral. E aqueles que não são mortos não se arrependem de seus atos. A menção do Eufrates mostra que os juízos deste capítulo vêm do Oriente.

Apocalipse 10-11:13 é um parêntese, antes da sétima trombeta. Um anjo poderoso, provavelmente Cristo pela descrição, planta seus pés (isto é, reivindica) o mar e a Terra, e clama com grande voz à qual os trovões respondem. Ele tem um livro aberto, evidentemente nos trazendo ao terreno profético conhecido, e declara que “não haveria mais demora”. João come o livro conforme ordenado e, embora ache doce saber o que Deus revelou, é amargo refletir sobre Seus juízos.

Apocalipse 11. João é instruído a medir o templo e o altar e os adoradores, ou seja, tudo o que é real. Eles agora são contados; mas não o átrio exterior, isto é, a profissão judaica – o sistema exterior. A cidade santa será pisada pelas nações, 42 meses, a última metade da 70ª semana de Daniel. As duas testemunhas de Deus profetizam 1.260 dias (a própria meia semana). Agora é uma questão dos direitos de Cristo sobre a Terra. As testemunhas manifestam Seu poder e ferem a Terra com pragas. A besta (o poder romano de Ap 17:8) mata as testemunhas, e elas jazem insepultas, mas são chamadas ao céu e, na mesma hora, ocorre um grande cataclismo32 na Terra.

Apocalipse 11:14-18. O segundo ai já passou e o terceiro ai vem.

Sétima trombeta. O reino mundial do Senhor e Seu Cristo é chegado. A companhia celestial dá graças ao Senhor Deus Todo-Poderoso que tomou Seu grande poder e reinou. Sua ira chegou e o tempo da recompensa. A história geral do livro termina com Apocalipse 11:18. Certos detalhes seguem exibindo todo o terreno para o derramamento final da ira, o julgamento da grande prostituta e a vinda de Cristo para fazer a guerra em justiça. A hora de julgar os mortos é anunciada aqui.

Apocalipse 12. Em Apocalipse 11:19 começa outra divisão do livro, levando-nos de volta em pensamento ao nascimento de Cristo, a partir do qual este desenvolvimento começa. O templo de Deus foi aberto no céu, a arca de Seu concerto foi vista lá e houve juízos na Terra. Uma mulher (Israel) é vista como um sinal no céu e dá à luz um Filho homem (Cristo), a Quem Satanás procura devorar imediatamente, mas o Filho é arrebatado para Deus e para o Seu trono. A mulher foge para o deserto e é alimentada por Deus durante 1.260 dias – a última metade da semana de Daniel. Há guerra no céu e o diabo é expulso, o que causa grande exultação no céu. O diabo lança água como um rio (pessoas) atrás da mulher, mas é engolido pelas organizações terrenais dos homens. Ele está irado contra a mulher e se propõe a fazer guerra ao piedoso remanescente da semente dela.

Apocalipse 13. O império romano é agora visto como uma besta, surgindo do mar, a massa desorganizada do povo gentio. Este é o segundo elemento da trindade do mal. Abrange dez reinos. Uma de suas cabeças foi ferida de morte; ou seja, em uma época de sua história, ele foi morto, mas viveu novamente. O dragão dá à besta seu poder, trono e grande autoridade, e ela continua por 42 meses – a última metade da 70ª semana de Daniel. Ela blasfema contra Deus e os habitantes da terra a adoram. Em Apocalipse 13:11 outra besta é vista surgindo da terra (organização formada): parece um cordeiro, mas fala como um dragão. Ela engana toda a Terra e auxilia o poder romano, operando milagres para que a imagem da besta revivida possa ser adorada (compare 2 Ts 2:3-10). Este é o homem do pecado, o anticristo. O número da besta romana é seiscentos e sessenta e seis, cujo significado será entendido naquele dia. Temos, portanto, a trindade do mal organizada contra Deus e Seu Cristo.

Apocalipse 14. Aqui há uma visão do que Deus está fazendo durante as operações da maldade acima. O Cordeiro é visto no monte Sião, e com Ele 144 mil, que aprendem o cântico celestial. Há então uma sucessão de anjos, um dos quais voa no meio do céu, tendo o evangelho eterno para todas as nações, clamando: “Temei a Deus e dai-Lhe glória”, pois é chegada a hora do juízo. Outro anuncia a queda da Babilônia. Um terceiro alerta contra adorar a besta ou receber sua marca. Uma voz do céu anuncia uma bênção sobre aqueles que morrem daquele tempo em diante, que é confirmada pelo Espírito. Um então, como o Filho do Homem, em uma nuvem, sega a Terra; a seara que está madura. A vindima da Terra é recolhida por outro anjo, e o lagar pisado; o sangue saindo dele chega a 1.600 estádios, a extensão da Palestina.

Apocalipse 15-16 constitui outra divisão do livro.

Apocalipse 15 mostra a bem-aventurança dos vitoriosos sobre a besta e sua imagem e seu número, e entoam novamente seu cântico. Apresenta também a saída dos sete anjos do templo do tabernáculo do testemunho, tendo as sete taças, ou salvas, da ira de Deus.

Apocalipse 16, eles são ordenados a sair e derramar as taças. Isso é evidentemente diferente de tudo o que aconteceu antes.

Primeira taça traz terríveis misérias.

Segunda taça. A morte moral está sobre o mar – o povo.

Terceira taça. Derramada sobre os rios e fontes – canais e fontes de influência e ação.

Quarta taça. Derramada sobre o Sol – autoridade suprema.

Quinta taça. Derramada sobre o trono da besta, seu reino se torna em caos.

Sexta taça. Derramada sobre o grande rio Eufrates, abrindo caminho para as hordas orientais. Uma trindade de espíritos malignos sai para reunir os reis da Terra para a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso em Armagedom – monte de Megido (compare Jz 5).

Sétima taça. Derramada no ar. Há uma ruptura sem precedentes de comunidades e queda de centros imperiais; e a grande Babilônia é lembrada diante de Deus para ira. Juízos finais diretos de Deus caem do céu, mas produzem apenas blasfêmia por parte dos homens.

Apocalipse 17-18. Uma visão a respeito da grande prostituta, que pode ser identificada em Jezabel (no discurso a Tiatira) e, pela descrição dada, pode ser reconhecida como o sistema papal romano, é trazida a João por um dos anjos das sete últimas pragas. A mulher é vista montando a besta (o império romano revivido), mas ela está embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus. Em Apocalipse 17:8, a besta é descrita, após seu período de inexistência, como reaparecendo em poder satânico. Fala-se de sete reis, chefes ou formas de governo, dos quais cinco caíram, um existia e um ainda estava por vir, permanecendo apenas por um pouco. A besta, a forma final, é a oitava, mas moralmente é das sete, e vai para a perdição (Veja: Império Romano). Eles fazem guerra ao Cordeiro, mas Ele é Rei dos reis e Senhor dos senhores, e os vence. A forma utilizada por Deus para voltar o poder à última forma do império romano é a destruição da prostituta. Apocalipse 18 apresenta as lamentações de várias classes e ordens sobre a queda da grande e esplêndida cidade, sob a forma da qual a prostituta é retratada.

Apocalipse 19. Há gozo no céu porque o julgamento da prostituta foi cumprido. Seu dia tendo acabado, as bodas do Cordeiro chegam e Sua esposa está pronta. Apocalipse 19:11 a Apocalipse 20:3 apresenta uma visão do Senhor vindo com juízos de guerra. Ele está assentado em um cavalo branco, e Seus santos O seguem. Ele vem para ferir as nações. Ele é manifestado como Rei dos reis e Senhor dos senhores. A besta romana e o anticristo são lançados vivos no lago de fogo.

Apocalipse 20. Satanás é lançado no abismo (não ainda no lago de fogo) por mil anos. São vistos tronos e assentados neles aqueles a quem foi dado autoridade de julgamento e as “almas” dos martirizados (compare Ap 6:9-11), e dos mortos durante o tempo da besta (compare Ap 13:7, 15-17). Esses são ressuscitados e reinam com Cristo durante mil anos (Veja: Milênio). Esta é a primeira ressurreição; mas o resto dos mortos – os ímpios – não ressuscitarão até que os mil anos tenham passado. Depois disso, Satanás é solto por um pouco de tempo e engana as nações: elas sobem e cercam o arraial dos santos, mas desce fogo do céu e as devora. Satanás é lançado no lago de fogo. Os mortos estão diante do grande trono branco para serem julgados de acordo com suas obras (Veja: Julgamento Sessional). A morte e o hades são lançados no lago de fogo. “e aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”.

Apocalipse 21. Apocalipse 21:1-8 fala do estado eterno, quando haverá um novo céu e uma nova Terra. A cidade santa, a nova Jerusalém, desce do céu como uma noiva adornada para o marido. O título “o Cordeiro” e todos os nomes dispensacionais desapareceram: Deus é tudo em todos. Em Apocalipse 21:9, a narrativa retorna para fornecer certos detalhes relacionados com o reino. A noiva é mostrada a João (como havia sido mostrada a meretriz) por um dos anjos que tiveram as sete últimas pragas, nas glórias que a distinguem como a sede da luz e governo celestiais. A cidade santa desce do céu da parte de Deus. Sua segurança está em seu alto muro e portões. Nos portões estão os nomes das doze tribos de Israel (compare Mt 19:28). A obra dos doze apóstolos é reconhecida por estarem seus nomes no seu fundamento (compare Ef 2:20). A cidade resplandece com a glória divina e atende a todos os requisitos de justiça. Sua glória é refletida, como mostra a referência às pedras preciosas. O Senhor Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro são o seu templo: a glória de Deus ilumina a cidade, e o Cordeiro é o portador de luz. Nenhum mal pode entrar lá: apenas aqueles que estão escritos no livro da vida do Cordeiro. O trono de Deus e do Cordeiro está lá, do qual sai um rio de vida.

Apocalipse 22.

Apocalipse 22:1-5. A árvore da vida é vista na cidade produzindo seus frutos cujas folhas são para a cura das nações. Os servos do Cordeiro desfrutam de Sua presença e reinam para todo o sempre.

Apocalipse 22:6-21 é a conclusão do livro. O anjo declara a verdade das profecias. Jesus acrescenta: “Eis que cedo venho! bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (AIBB). As palavras não deviam ser seladas, pois o tempo estava próximo (compare Dn 12:4, 9). Quando o testemunho é encerrado, o estado do homem é inalterável. Cristo é vindo com Suas recompensas, para retribuir a todos conforme suas obras. Ele é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Derradeiro – o Senhor. Os que lavaram as suas vestes comem da árvore da vida e têm direito de entrar na cidade pelas portas; os contaminados e os idólatras estão fora.

O Senhor encerra o livro dizendo simplesmente “Eu Jesus”, falando de uma forma pessoal e não oficial. O Espírito e a noiva, por sua vez, dizem: “Vem!”; e o que ouve é convidado a dizer: Vem; e então há um apelo para aquele que tem sede e para todo aquele que quiser tomar a água da vida de graça. Uma advertência solene é dada para que se mantenha a profecia em sua integridade e totalidade. As últimas palavras do próprio Senhor são “Certamente cedo venho”. Ao que João responde: “Amém, ora vem, Senhor Jesus”. A saudação final é “A graça de nosso Senhor Jesus seja com todos vós”.

 



[29]

N. do T.: A palavra “católica” no termo “epístolas católicas” é uma convenção datada do século 4. Na época, essa palavra significava simplesmente “geral”, e não estava especificamente ligada a uma denominação que mais tarde seria conhecida como igreja católica. Elas são: Tiago, 1ª e 2ª Pedro, 1ª, 2ª e 3ª João e Judas.



[30]

N. do T.: A Tradução Brasileira diz: significou ao Seu servo João”, ou seja, foi-lhe dado o significado para as “coisas que cedo devem acontecer”, indicando que a linguagem empregada é simbólica.



[31]

N. do T.: A morte é o que retém o corpo e o hades é o que retém o espírito e alma daqueles que partiram deste mundo.



[32]

N. do T.: Desastre, de ordem pública e social, ou derrocada pessoal que sobrevém a alguém, geralmente resultando em bruscas e radicais mudanças para a vida de um grupo ou de um indivíduo (Cf. Dicionário Michaelis).