Samuel, Primeiro Livro de
[bíblia]
A história pessoal de Samuel está contida neste livro: começa com seu nascimento. Ele era filho de Ana e Elcana, um descendente de Corá, de Ramataim-Zofim, do monte Efraim. Ele foi dado por Deus em resposta à oração de sua mãe, e foi consagrado por ela como um nazireu desde o seu nascimento, o “filho que devolveu ao Senhor” enquanto ele viveu.
1 Samuel 2. A bela oração ou cântico de Ana reconhece a graça soberana de Deus que derruba o orgulho e exalta os pobres e fracos. Israel havia sido humilhado na época dos Juízes e precisava aprender que toda força e exaltação tinham que vir de Deus. Este cântico profético aguarda o tempo em que Deus julgará as extremidades da Terra por Seu Rei e Seu Ungido (1 Sm 2:10). A maldade dos filhos de Eli é então revelada, e Eli é solenemente advertido por “um homem de Deus”. Samuel estava crescendo e estava em favor tanto do Senhor quanto dos homens.
1 Samuel 3. A Palavra do Senhor era preciosa: não havia visão manifesta [frequente – JND]: o sacerdote havia falhado. Deus chamou Samuel, mas ele supôs que fosse Eli. Sendo isso repetido três vezes, Eli instruiu-o, caso fosse chamado novamente, a dizer: “Fala, Senhor, porque o Teu servo ouve”. Ele foi chamado novamente e disse: “Fala; porque o Teu servo ouve” (omitindo ainda a palavra “Senhor”). Deus agora começou a fazer revelações a Samuel. Visto que Eli não repreendeu seus filhos, o juízo recairia sobre sua casa. Ao ser informado disso, Eli respondeu: “É o Senhor; faça o que bem parecer aos Seus olhos”. Samuel se tornou servo de Deus para a crise: o Senhor estava com ele e nenhuma de suas palavras caiu por terra. De Dã a Berseba, Samuel foi reconhecido como o profeta do Senhor.
1 Samuel 4. Israel foi ferido pelos filisteus; mas em vez de se voltarem para o Senhor e confessar seus pecados, mandaram chamar a arca da aliança, dizendo que ela os salvaria, e ouviu-se uma voz de grande júbilo; mas Deus não estava neste ato, os israelitas foram feridos, incluindo os dois filhos de Eli, e a arca foi capturada pelos filisteus. Quando Eli ouviu a triste notícia, caiu para trás e morreu. A esposa de Fineias também, ao dar à luz um filho, chamou seu nome de Icabô, “foi-se a glória”, e morreu.
1 Samuel 5-6 relatam os juízos de Deus sobre os filisteus enquanto a arca estava em sua posse, e a queda de seu deus dagom. Também o retorno da arca e o juízo de Deus sobre os homens de Bete-Semes por olhar para dentro dela.
1 Samuel 7. A arca foi levada para Quiriate-Jearim. Depois de 20 anos, o povo lamentou após o Senhor, e Samuel disse que eles deveriam abandonar seus deuses estranhos e preparar seus corações para o Senhor e servi-Lo somente, e Ele os salvaria. Eles se reuniram em Mispa, derramaram água perante o Senhor como um sinal de arrependimento (compare 2 Sm 14:14) e confessaram seus pecados. Quando os filisteus vieram atacá-los, rogaram a Samuel que clamasse ao Senhor por eles. Ele ofereceu um cordeiro que ainda mamava em holocausto, reconhecendo assim a base da relação entre o povo e Deus. Os filisteus foram subjugados: Deus trovejou sobre os filisteus. Eles não vieram mais para atacar Israel, e as cidades que haviam tomado foram restauradas. Samuel levantou uma pedra e a chamou de Ebenézer, ou seja, “a pedra da ajuda”. Samuel rodeava a Betel e a Gilgal e a Mispa e julgava todo o Israel. Ele residiu em Ramá e ergueu um altar lá. Os dias de Samuel foram excepcionais: ele não era sacerdote, mas oferecia sacrifícios e tinha este altar sem o tabernáculo nem a arca. Ele era um homem de fé naqueles dias, sendo reconhecido por Deus como o sustentador de Seu povo.
1 Samuel 8. Há uma mudança aqui. Samuel estava envelhecendo e havia nomeado seus dois filhos como juízes; mas eles aceitaram subornos e perverteram o juízo. O povo, dando esta desculpa, rogou a Samuel que lhes designasse um rei, para que ele pudesse ser seu juiz “como o tem todas as nações”. Deus os separou de todas as nações e ordenou a Samuel que lhes dissesse que, ao pedir um rei, eles estavam rejeitando, não apenas Samuel, mas a Si mesmo; ainda assim, Ele disse a Samuel para ouvir seu pedido.
1 Samuel 9-10. Deus fez com que Saul, filho de Quis, fosse providencialmente para onde Samuel estava, e então o indicou como aquele a ser ungido como rei, para que pudesse salvar Israel das mãos dos filisteus. Quando Samuel o apresentou a eles – um homem mais alto do que o resto do povo e, consequentemente, aprovado de acordo com o julgamento natural do homem – eles gritaram “Viva o rei”.
1 Samuel 11-12. Quando Naás, o amonita, declarou que faria um pacto com os habitantes de Jabes-Gileade apenas com a condição de arrancarem todos os seu olho direito, para lançar “esta afronta sobre todo o Israel”, Saul foi incitado a agir pelo Espírito de Deus, e os amonitas foram mortos. Samuel chamou o povo para Gilgal (o lugar onde a carne tinha sido julgada), e Saul foi feito rei perante o Senhor, e ofertas pacíficas foram oferecidas. Samuel apelou solenemente ao povo, primeiro quanto à sua própria integridade, depois quanto à fidelidade de Deus e à sua obstinação. Um sinal foi dado a eles; não deviam temer, mas ser fiéis, e o resultado seria misericórdia.
1 Samuel 13. Saul fica sem Samuel e é colocado à prova. Foi dito a ele que deveria ir a Gilgal e esperar lá sete dias por Samuel, pois Samuel era o elo entre Saul e o Senhor (1 Sm 10:8). Saul esperou sete dias e então, porque o povo o estavam deixando, ele “se forçou”, como ele diz, e ofereceu um holocausto. Assim que terminou, Samuel veio e o repreendeu por não guardar o mandamento do Senhor, anunciando que seu reino não continuaria. Samuel o deixou, e filisteus “saqueadores” (ARA) se espalharam pela terra. Os israelitas estavam em fraqueza, eles tiveram até mesmo que recorrer aos filisteus para afiar suas armas.
1 Samuel 14. Os israelitas estavam se escondendo em cavernas. Jônatas, filho de Saul, era um homem de fé: ele já havia atacado os filisteus e agora, apenas com seu escudeiro, começou novamente a feri-los. Deus enviou um grande terremoto e os filisteus se feriram um ao outro. Os israelitas também os atacaram, e teria havido uma vitória maior se Saul, em zelo carnal, não tivesse colocado sob maldição todos os que comessem antes do anoitecer. Jônatas, que não tinha ouvido falar disso, provou um pouco de mel. Ao anoitecer, o povo se apressou em matar e comer, e comeram com o sangue até que Saul os deteve. Ele ergueu um altar a Deus, e então consultou a Deus, e teria matado Jônatas por comer o mel, se o povo não o tivesse impedido. Saul tinha todas as formas externas de reverência a Deus, mas não era um homem de fé; ele chamou os israelitas de hebreus, perdendo o ponto do relacionamento deles com Deus. Mesmo assim, Deus o usou para subjugar alguns dos inimigos de Israel.
1 Samuel 15. Saul agora é submetido a um teste final. Uma mensagem de Deus é enviada a ele para ir e destruir totalmente Amaleque. Saul, entretanto, salvou o melhor das ovelhas e dos bois, alegando que eram para o sacrifício. Agague também foi trazido vivo. Mesmo assim, Saul disse que obedeceu à Palavra do Senhor. Samuel expressou aquele importante princípio: “o obedecer é melhor do que o sacrificar”, dizendo a Saul que Deus havia rasgado o reino dele. Samuel despedaçou Agague perante o Senhor: ele finalmente deixou Saul.
1 Samuel 16 inicia uma nova seção no livro. O Senhor disse a Samuel para não lamentar por Saul: Ele o tinha rejeitado. Samuel foi então enviado a Belém para ungir Davi. O Espírito do Senhor desceu sobre Davi a partir daquele dia, mas Ele Se retirou de Saul e um espírito mau o atormentava. Davi, como hábil tocador de harpa, foi chamado pelo rei. Saul, uma figura do primeiro homem, tendo sido testado e achado em falta, o amado (Davi) é trazido adiante: ele é anunciado como uma figura de Cristo (compare Mt 3).
1 Samuel 17-19. Davi deve ter deixado Saul, e não sabemos exatamente quanto tempo decorreu antes de Davi matar Golias. Sua vitória sobre o gigante é uma figura impressionante da vitória de Cristo sobre o poder de Satanás na cruz (Hb 2). Ao retornar triunfante, Davi é uma figura de Cristo ressuscitado; ele deve estar em primeiro lugar, assim como Cristo, da semente de Davi segundo a carne, é declarado Filho de Deus com poder pela ressurreição de entre os mortos (Rm 1:2-4 – AIBB).
Saul colocou Davi sobre os homens de guerra, mas os elogios das mulheres, “Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares”, despertou sua inveja, e ele olhou para ele e desde aquele dia tentou matá-lo. Tendo falhado nisso, ele procurou enlaçá-lo exigindo, como dote para sua filha, cem prepúcios dos filisteus. Mas o Senhor fez Davi prosperar em todos os lugares e Mical tornou-se sua esposa.
O coração de Jônatas estava unido ao de Davi e ele se esforçou para desviar seu pai de suas intenções homicidas. Mical também o protegeu e salvou sua vida. Davi fugiu para Samuel, e quando Saul enviou mensageiros para tomá-lo, o Espírito de Deus estava sobre os mensageiros e eles profetizaram. Quando isto aconteceu três vezes, Saul foi ele mesmo, mas o Espírito de Deus desceu sobre ele também, e ele profetizou: Davi foi salvo.
1 Samuel 20-31. Nada poderia ensinar sabedoria a Saul – para deixar o ungido de Deus em paz: é assim que o homem não pode suportar ser suplantado por Cristo. Então começou a fuga de Davi da ira de Saul e a perseguição de Saul contra ele; a graça de Davi por duas vezes salvou a vida de Saul quando esteve em seu poder; a maldade de Saul em matar a casa sacerdotal de Aimeleque; o erro de Davi em se unir aos filisteus, dos quais o Senhor o livrou; e sua disciplina na destruição de Ziclague, e no transporte de suas duas esposas com os habitantes, mas por misericórdia, todos foram recuperados.
Nesse ínterim, Samuel faleceu, com a simples nota de que ele morreu, e todos os israelitas se reuniram e lamentaram por ele, e o sepultaram em sua casa em Ramá (1 Sm 25:1). Ele foi um profeta fiel de Deus (compare Jr 15:1), porém, infelizmente, sua casa falhou em seus filhos como juízes.
Quando Saul se aproximou de seu fim e não pôde obter uma resposta de Deus, ele recorreu à feiticeira de Endor: assim como o homem, que rejeitou a Cristo por esses 1.800 anos, no final desta era, na apostasia da Cristandade, se entregará à Satanás (Ap 13). Samuel foi ressuscitado, o qual predisse a morte de Saul e de seus filhos que chegava rapidamente. Veja: Adivinhação. No dia seguinte, travou-se uma batalha com os filisteus, três dos filhos de Saul foram mortos e Saul, muito ferido, caiu à espada e foi morto por um amalequita. Os corpos de Saul e de seus filhos foram pendurados no muro de Bete-Sã, mas foram resgatados durante a noite pelos homens de Jabes-Gileade, queimados e os ossos enterrados sob uma árvore.
O primeiro livro de Samuel mostra uma mudança solene no relacionamento manifesto de Israel com Deus. Não apenas o sacerdote falhou na casa de Eli, mas a arca da aliança, o símbolo do relacionamento de Israel com Deus, estava nas mãos de seus inimigos, sendo isso permitido por Deus para trazer coisas a tona. Ele levantou um profeta fiel – Samuel – que também em certa medida agia como sacerdote, fornecendo assim, em graça, um meio de comunicação com seu povo infiel. Sua exigência de um rei era virtualmente recusar a Deus como seu Soberano, embora saibamos que, de acordo com o propósito de Deus, deveria haver um rei como figura do Senhor Jesus, Rei de Israel. A história de seu primeiro rei mostra que a realeza, como tudo o mais confiado ao homem, foi rapidamente seguida pelo fracasso.