Provérbios, Livro de

[bíblia]

Neste livro, Deus forneceu, por meio do mais sábio dos homens, princípios e preceitos para a orientação e segurança do crente ao passar pelas tentações às quais é exposto em um mundo mau. As admoestações falam em termos de advertência afetuosa “como a filhos” (Hb 12:5). Em termos simbólicos, como “o homem mau” e “a mulher estranha”, as grandes formas do mal no mundo, a obstinação violenta e a tolice corruptora são reveladas em seu curso e desfecho final. A sabedoria é mostrada como a única proteção contra uma e outra. A sabedoria é apresentada não como uma faculdade que reside no homem, mas como um objeto a ser diligentemente buscado e adquirido. Frequentemente, é personificado e diz-se que ela eleva a sua voz. Em Provérbios 8, sob a ideia de sabedoria, temos sem dúvida Cristo apresentado como o Recurso que estava com Deus desde “o princípio de Seus caminhos”, para que Deus pudesse, independentemente do homem, estabelecer e realizar Seus pensamentos de graça para com os homens.

Em detalhes, o livro se refere ao mundo, mostrando quais coisas devem ser buscadas e quais devem ser evitadas, e evidencia que, no governo de Deus, o homem colhe de acordo com o que semeia, independentemente das bênçãos espirituais de Deus em graça além e acima deste mundo. Ele mantém a integridade nas relações terrenais desta vida, que não podem ser violadas impunemente. A instrução eleva-se totalmente acima da mera prudência e sagacidade humanas, pois “o temor do Senhor é o princípio [parte principal – margem da KJV] do conhecimento” (AIBB). Temos nela a sabedoria de Deus para o caminho diário da vida humana.

O livro se divide em duas partes: os primeiros nove capítulos fornecem princípios gerais, e Provérbios 10 em diante são os próprios provérbios. Esta última parte se divide em três partes: Provérbios 10-24, os provérbios de Salomão; Provérbios 25-29, também os provérbios de Salomão, que foram reunidos pelos “homens de Ezequias, rei de Judá”. Provérbios 30 fornece as palavras de Agur; e Provérbios 31, as palavras do rei Lemuel.

Os Provérbios é um livro de poesia. Os provérbios variam em estilo: alguns são paralelismo opostos, sendo um o oposto do outro, como “O filho sábio alegra a seu pai, mas o filho louco é a tristeza de sua mãe”. Outros são sintéticos, a segunda sentença reforçando a primeira, como “O Senhor fez tudo para um fim; sim, até o ímpio para o dia do mal”. Veja: Poesia.

Em Provérbios 1, o significado dos provérbios é indicado: é para que se receba instrução sobre sabedoria, justiça, juízo e equidade: o temor do Senhor é o ponto de partida. Satanás, é claro, se oporia a isso, então as advertências são feitas imediatamente para evitar as seduções dos pecadores. A sabedoria clama alto e nas ruas: suas instruções são para todos. A retribuição é para aqueles que recusam sua chamada.

Provérbios 2 mostra o resultado de seguir o caminho da sabedoria, ao passo que os ímpios serão erradicados.

Provérbios 3 mostra que é o temor a Deus e a sujeição à Sua Palavra, que é o único caminho verdadeiro em um mundo mau.

Provérbios 4 reforça o estudo da sabedoria: certamente trará bênçãos. O mal deve ser evitado e mantido à distância. O coração, os olhos e os pés devem ser vigiados.

Provérbios 5 adverte o homem contra deixar a mulher da sua juventude (o vínculo legítimo) pela mulher estranha, o que leva à desmoralização total.

Provérbios 6 ordena que alguém não seja fiador de outro. A sabedoria não é preguiçosa, violenta nem enganosa. Há sete coisas que são abomináveis ao Senhor. A mulher estranha é novamente apontada para ser evitada como fogo; não há resgate para adultério.

Provérbios 7 mostra novamente as armadilhas colocadas pela mulher estranha, que, infelizmente, muitas vezes são bem-sucedidas. A casa dela é o caminho do inferno (Sheol).

Provérbios 8 proclama que a sabedoria chama e convida todos a ouvir: ela é valiosa para todos – reis, príncipes, governantes, juízes. Com a sabedoria estão ligadas riquezas duradouras e justiça: o seu fruto é melhor do que o ouro. Todas as obras de Deus na criação foram realizadas com sabedoria. Isso apresenta Cristo como a sabedoria de Deus, de Provérbios 8:22. Ele estava lá antes que a obra da criação fosse iniciada. Suas delícias eram com os filhos dos homens (Pv 8:31), com o que concorda a cântico das hostes celestiais no nascimento do Senhor Jesus: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!” (Lc 2:14). A sabedoria diz: “Bem-aventurado o homem que Me dá ouvidos, velando às Minhas portas cada dia, esperando às ombreiras da Minha entrada. Porque o que Me achar achará a vida”.

Provérbios 9. A sabedoria é estabelecida: ela tem sua casa, seu alimento, seu pão e seu vinho. Suas criadas são enviadas com convites amorosos para entrar. Mais uma vez, o mundo tem suas contra-atrações pela mulher estranha; mas os mortos estão lá, e seus convidados nas profundezas do Sheol.

Até aqui estão os princípios gerais sobre os quais a sabedoria atua: de Provérbios 10 até o fim, estão os próprios provérbios. Eles entram em detalhes sobre os perigos e como eles devem ser evitados, e mostram o caminho que a sabedoria leva e no qual há segurança.

Provérbios 30 tem um título: “Palavras de Agur, filho de Jaque, o oráculo. Disse este varão a Itiel, a Itiel e a Ucal”. Como esses nomes não são conhecidos, supõe-se que sejam simbólicos e que Agur se refira a Salomão. Se isso é assim ou não, não afeta de forma alguma o valor dos provérbios do capítulo. Existem seis conjuntos de quatro coisas:

  • Quatro gerações que são más (Pv 30:11-14).
  • Quatro coisas que são insaciáveis (Pv 30:15-16).
  • Quatro coisas inescrutáveis (Pv 30:18-19).
  • Quatro coisas que são intoleráveis (Pv 30:21-23).
  • Quatro coisas que são fracas, mas sábias (Pv 30:24-28).
  • Quatro coisas que são muito majestosas (Pv 30:29-31).

Provérbios 31 Aqui estão as “Palavras do rei Lemuel, a profecia que lhe ensinou sua mãe”. Não se sabe quem foi o rei Lemuel: isso levou alguns a supor que Salomão é novamente mencionado. Os primeiros nove versículos falam do caráter de um rei de acordo com a sabedoria. O principal é que sua força não seja dada à mulheres, nem à bebida forte, e que sua boca seja aberta para os que estão prestes a perecer, os pobres e necessitados. O resto do capítulo é dedicado à descrição de uma mulher virtuosa. Ela enche sua casa de coisas boas e traz prosperidade para a família e honra para seu marido. O rei e a mulher virtuosa podem, em alguns aspectos, ser figuras de Cristo e da Igreja.

Os Cristãos devem estudar o livro de Provérbios, pois (mesmo quando devidamente ocupados com as coisas celestiais e os interesses de Cristo na Terra), eles tendem a ignorar a necessidade de sabedoria do céu para passar por este mundo mau e administrar seus negócios na Terra no temor de Deus.