Apêndice 29. Luz, Candeia, Lâmpada.
As palavras φῶς – phós (g5457), φέγγος – pheggos (g5338), φωστήρ – phóstér (g5458), λύχνος – luchnos (g3088) e λαμπάς – lampas (g2985) são todas traduzidas “luz”. Originalmente phós era a luz do Sol, e pheggos a luz da Lua e dos planetas (reflexão): assim, no Novo Testamento phós é usada para a luz do Sol (Ap 22:5), e pheggos para a luz da Lua (Mt 24:29; Mc 13:24). Esta última palavra ocorre apenas mais uma vez, em Lc 11:33, para a luz de uma candeia ou lâmpada, onde, entretanto, os editores recentes tenham lido phós.
phós está na primeira posição e é usada para “Deus é luz” (1 Jo 1:5); para “a luz” e “a luz verdadeira” quando Cristo apareceu na Terra (Jo 1:4-9); “a luz do mundo” (Jo 8:12). Esta palavra é empregada de Mateus a Apocalipse. É o verdadeiro oposto de trevas.
phóstér ocorre apenas duas vezes no Novo Testamento (Fp 2:15 “luzeiros” – ARA; Ap 21:11); e na LXX é encontrada apenas em Gn 1:14, 16, além de duas ou três vezes nos apócrifos – sendo o uso confinado aos luminares celestes, Sol, Lua e estrelas. Isso dá uma bela ênfase às passagens do Novo Testamento. Em Fp 2:14-16 é vista a reprodução dos traços característicos de Cristo em Seu povo aqui, que são colocados como filhos de Deus, para brilhar como luminares celestiais no mundo, sustentando a Palavra da vida. Em Apocalipse 21, que de Ap 21:9 a 22:5 nos leva à manifestação da Igreja como a noiva, a esposa do Cordeiro, na glória do reino, encontramos o que é verdade agora pela graça de sua vocação, ali manifestada em toda a perfeição da glória comunicada de Cristo: “sua luz (phóstér) era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe”, que em Ap 4:3 é um dos símbolos da glória divina. Não se trata da luz que a cidade celestial difunde, mas ela mesma, o luminar ou difusor através do qual a luz da glória é derramada sobre a Jerusalém terrenal.
luchnos, além de “luz”, o que na verdade ela nunca significa, é traduzida como “candeia”: é propriamente “lâmpada” – uma lâmpada manual alimentada com óleo. A conexão da verdade em algumas passagens é melhor vista por uma tradução uniforme: como, por exemplo, Lc 8:16, onde a “candeia” é usada como uma ilustração do testemunho da Palavra por Cristo. Em Lc 11:33 é aplicada àqueles que entraram e viram a luz que brilhava perfeitamente n’Ele, e que agora são deixados em Seu lugar, com o único olho simples (o olho sendo a “lâmpada” do corpo) como o meio pelo qual todo o corpo é “luminoso, não tendo nenhuma parte tenebrosa”, e ser assim como quando o brilho intenso de uma “lâmpada” fornece luz. Então, em Lc 12:35 a exortação é que a “lâmpada” deve estar acesa. A adequação desta palavra sendo usada por João Batista em Jo 5:35, como uma “lâmpada” (ARA), acesa por outro para brilho temporário, é perdida na versão King James, que traduz como “luz”, e a diferença entre João Batista e Cristo é destruída, Quem é em Si mesmo a luz (phós), da qual João era apenas testemunha (Jo 1:8-9), Ap 21:23 não é exceção, pois, se a glória de Deus tem iluminado (φωτίζω – phótizó – g5461) a cidade celestial, o Cordeiro é a “Lâmpada” por meio de Quem a glória brilha, assim como agora todos os seus raios brilham concentrados em Sua face para a fé (2 Co 3:18): somente assim indiretamente a glória divina poderia ser vista.
lampas no plural é apenas uma vez traduzida como “luzes” (At 20:8); várias vezes como “lâmpadas” e uma vez como “tochas” (Jo 18:3 – ARA). Talvez “tochas” pudesse ser usada em todas as passagens. A palavra ocorre cinco vezes na parábola das dez virgens (Mt 25:1-8), e é sabido que na Índia e em outras partes do Oriente as tochas são mantidas acesas usando-se óleo, de modo que a mesma tradução se adequaria aqui.