Apêndice 35. Revelação, Aparição, Manifestação.

As palavras ἀποκάλυψιςapokalupsis (g602), ἐπιφάνειαepiphaneia (g2015) e φανέρωσιςphanerósis (g5321) têm significados um tanto similares: a primeira e a segunda são traduzidas “aparecer”, “aparição”, e a primeira e a terceira “manifestação”.

apokalupsis (que provém de ἀποκαλύπτωapokaluptó – g601, “remover uma cobertura, revelar”) é o título do Livro do Apocalipse, e isso dá o caráter da palavra. O Apocalipse não é exatamente uma profecia, mas uma revelação: não era para ser selado, como a profecia de Daniel, e uma bênção é pronunciada sobre aquele que a lê e sobre os que ouvem e guardam as coisas escritas. A palavra é traduzida principalmente como “revelação”. Em Lc 2:32 a traduções em português ARC e ARF trazem “luz para iluminar as nações”, mas uma tradução mais precisa seria “luz para revelação aos gentios” (AIBB, TB e ARA). Em 1 Co 1:7 é traduzida como “manifestação” (ARC, ARF, AIBB e TB) mas “revelação” (ARA) seria melhor.

epiphaneia (que provém de ἐπιφαίνομαιepiphaínomai, “a vir para a luz, aparecem”) ocorre seis vezes nos escritos de Paulo e refere-se à Aparição de “nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” Tt 2:13 (JND), 2 Ts 2:8; 1 Tm 6:14; 2 Tm 4:1, 8. Em 2 Ts 2:8 é traduzida como “esplendor” na ARC e ARF, mas não é este o seu significado. Pode ser traduzida como “aparecimento (ou aparição) de Sua vinda” (JND) como nas versões anteriores em português184. Em 2 Tm 1:10 é aplicada à primeira Aparição de Cristo; nas outras passagens para Sua Aparição em glória, portanto, não para o momento em que os santos ressuscitados e transformados O encontrarão nos ares (1 Ts 4:15, 18) antes que Ele apareça. Observe que em 2 Tm 4:1, o julgamento dos vivos e mortos não é dito ser na Sua vinda e Seu reino” como na ARC e ARF, mas que, de acordo com a leitura correta, a última parte é um segundo motivo da conjuração do apóstolo a Timóteo, pela Sua Aparição e Seu reino” (JND). A força da palavra é mais “aparecimento” do que “revelação”.

phanerósis (que provém de φανερόωphaneroó – g5319 “manifestar”) ocorre apenas duas vezes no Novo Testamento e não é aplicada à Aparição de Cristo, mas ao que é manifestado no Cristão. Em 1 Co 12:7 é a “manifestação do Espírito”, e em 2 Co 4:2 é a “manifestação da verdade”.

O verbo (phaneroó) ocorre com frequência: “Deus Se manifestou em carne” (1 Tm 3:16 – ARF); “Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então, vós também sereis manifestados com Ele, em glória” Cl 3:4 – ARA. Novamente, em 1 Pe 5:4 – TB: “Quando Se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imperecível coroa da glória”. Veja também 1 Jo 2:28, 3:2. É aplicado aos santos em Cl 3:4, onde está em contraste com sua vida sendo escondida (como agora) com Cristo em Deus; mas, fluindo da mesma identificação maravilhosa com Ele, quando Ele Se manifestar, eles serão manifestados com Ele em glória: assim, a palavra tem sua força em contraste com o ser anteriormente oculto, embora se saiba que existe.

Em Hb 9:26 é Sua primeira vinda, Ele “tem sido manifestado” (TB): observando, em conexão com esta passagem, que duas outras palavras tem a mesma tradução “aparecer”: ἐμφανισθῆναιemphanisthēnai (que provém de ἐμφανίζωemphanizó – g1718) em Hb 9:24 (TB), onde Bengel observa a aptidão da palavra original em relação a Deus – “para agora aparecer diante de Deus por nós”; e ὀφθήσεταιophthēsetai (ὄπτομαιoptomai – g3700) em Hb 9:28 que literalmente é “Ele será visto” – deixando em aberto, como tantas outras passagens na epístola, uma dupla aplicação – tanto para os santos agora em Sua vinda por nós, como para Israel em Sua Aparição em glória.



[184]

N. do T.: A edição da Bíblia em português de 1848, traduzida por João Ferreira de A. D’Almeida traz em 2 Ts 2:8: “E então será manifestado aquelle injusto, ao qual o Senhor desfará, pelo Espírito de Sua boca, e o aniquilará pelo apparecimento de Sua vinda”