Isaque

[pessoa]

Como Isaque foi o patriarca que houve entre Abraão e Jacó, pode parecer notável que tão pouco seja registrado sobre ele, especialmente porque a promessa feita a Abraão, de todas as nações sendo abençoadas por meio de sua semente, foi confirmada a Isaque. Ele era “o filho da promessa”, nascido quando Abraão tinha cem anos, e “o filho da livre”, em contraste com “o filho da escrava”. Sendo expulso o filho da escrava, Isaque se tornou o herdeiro, (Gl 4:22-30). A fé de Abraão foi testada quando lhe foi dito que oferecesse esse filho da promessa, chamado de “único filho”, como uma figura de Cristo. Abraão obedeceu e Isaque ouviu aquela bela declaração de fé: “Deus proverá para Si o cordeiro para o holocausto, meu filho”. Em figura ele foi ressuscitado dentre os mortos e restaurado a seu pai, e a aliança foi confirmada quanto à semente.

Como Isaque se tornou assim, em princípio, um homem ressurreto ou celestial, ele não deve retornar em busca de uma esposa ao país de onde foi separado pela morte e ressurreição, como também pelo chamado de Abraão; uma noiva deve ser buscada para ele de lá, e ela deve ser da mesma “parentela”: uma figura notável do Cristo celestial, e daqueles dados a Ele pelo Pai: eles são celestiais assim como Ele é celestial. Deus abençoou de maneira notável a missão do servo (figura do Espírito Santo reunindo uma noiva para Cristo), e Rebeca, prima de Isaque, tornou-se sua esposa. Ele a amava e foi consolado após a morte de sua mãe. Abraão teve vários filhos; mas ele deu tudo o que tinha a Isaque, no que Isaque é novamente uma figura de Cristo, que possuirá todas as coisas.

Rebeca era estéril, mas por Isaque implorar ao Senhor, ela concebeu e foi informada que ela seria a mãe de duas nações, e os irmãos gêmeos Esaú e Jacó nasceram, Esaú sendo o primogênito. Havendo fome na terra, Isaque mudou-se para Gerar, e ali, sem fé, disse que Rebeca era sua irmã, e foi repreendido pelo rei dos filisteus.

Deus confirmou a bênção prometida a Abraão, tanto para a semente de Isaque possuir todos aqueles países, quanto para todas as nações da Terra serem abençoadas em sua semente.

Depois que os filisteus tiveram muita contenda com Isaque a respeito de alguns poços de água que reivindicavam, eles ordenaram que ele se afastasse deles, pois ele havia se tornado grande demais para morar tão perto. Ele se submeteu e se mudou para Berseba. Ele estava, portanto, novamente na verdade de sua vocação dentro dos limites da terra da promessa: lá o Senhor apareceu novamente a ele e disse-lhe para não temer, Ele o abençoaria por amor de seu pai Abraão. Então os filisteus foram até ele, admitindo que viram que o Senhor o estava abençoando, e fizeram com ele um pacto de que não lhes faria mal. Assim ele estava agora no verdadeiro lugar de superioridade moral, no lugar de sua vocação e, como tal, sem disputas com as nações, mas reconhecido como o bendito do Senhor – uma palavra certamente para os que hoje se colocam na fronteira do mundo.

Deus não esconde as falhas e fraquezas de Seu povo, por isso é relatado que Isaque amava Esaú porque comia de sua carne de caça; e que quando ele ficou velho, ele o instruiu a fazer uma carne saborosa como ele amava, para que ele pudesse comer e abençoar seu filho mais velho, antes de morrer. Deus havia dito que o mais velho deveria servir ao mais jovem, mas Rebeca, em vez de deixar o assunto nas mãos de Deus, planejou por um estratagema enganoso obter a bênção para Jacó em vez de Esaú, o primogênito. O engano foi logo descoberto; mas como foi que Isaque pretendia abençoar o mais velho, desconsiderando assim a palavra do Senhor? É de se temer que seu amor pela carne de caça e pelo guisado saboroso o tenha desviado. Apesar dessa falha, lemos em Hebreus 11:20: “Pela Isaque abençoou Jacó e Esaú no tocante às coisas futuras”. Sem dúvida, isso se refere às palavras de Isaque quando o engano foi descoberto. Ele disse de Jacó “Abençoei-o; também será bendito” (Gn 27:33).

Os dias de Isaque foram 180 anos: quando ele morreu, seus filhos Esaú e Jacó o sepultaram. Deus é constantemente referido como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó: foi por meio deles que fluíram as bênçãos para Israel, e por meio deles veio a Semente – Cristo – em Quem todas as nações da Terra estão sendo abençoadas (Gn 21-35).