Glória

[geral]

Existem oito palavras diferentes no hebraico traduzidas como “glória”, mas algumas ocorrem apenas uma vez. As principais delas são:

  1. hod, “renome, glória”, qualquer coisa pela qual um ser é admirado. É aplicado a Deus (Sl 148:13); e ao cavalo (Jó 39:20).
  2. tipharah, tiphereth, “esplendor, beleza, glória”. É aplicada a Deus (Is 60:19); à Israel (Is 46:13); à coroa que a sabedoria dá (Pv 4:9); aos cabelos brancos (Pv 16:31, etc.).
  3. kabod, “peso, honra, glória” (a palavra comumente usada). É frequentemente aplicada a Deus, como no “Deus da glória” (Sl 29:3); ao Senhor como “o Rei da glória” (Sl 24:7-9); “a glória do Senhor” que apareceu no Monte Sinai, e que encheu o tabernáculo (Êx 24:16-17, 40:34-35), e encherá o futuro templo (Ez 43:2-5); também a glória pertencente a Israel e aos gentios no passado e no futuro (1 Sm 4:21-22; Is 66:12).

No Novo Testamento, a palavra é δόξα – doxa, “estima, honra, excelência de mente, corpo”. É aplicada a coisas criadas, como o Sol, a Lua e as estrelas (1 Co 15:41); também ao homem como “a glória de Deus” (1 Co 11:7). A glória moral do Senhor Jesus Cristo resplandeceu em todo o Seu caminho na Terra (Jo 1:14, 11:40). Ele fala da glória que Ele teve desde a eternidade com o Pai, e Sua glória adquirida que Ele graciosamente compartilhará com Seus co-herdeiros (Jo 17:5, 22, 24). Cada língua confessará Seu senhorio para a glória de Deus Pai (Fp 2:11). Sua glória será revelada na Terra e Ele será aclamado “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Mt 25:31; 1 Pe 4:13; Ap 17:14, 19:16). Ele é “o Senhor da glória” (1 Co 2:8).

A glória pertence a Deus: Ele é “o Deus da glória” (At 7:2; 2 Co 4:6, 15). Nele todos os atributos divinos brilham em perfeição infinita. Os Cristãos, reconhecendo isso, e reconhecendo que d’Ele vêm todas as suas bênçãos, atribuem-Lhe com gozo “o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 5:13, Rm 11:36; Gl 1:5; 1 Tm 1:17; 2 Tm 4:18). O mesmo é atribuído ao Senhor Jesus pelos santos e assim será feito por todas as criaturas (Ap 5).

A glória é frequentemente usada como expressão da distinção apropriada de uma pessoa, ou de um grupo: como a glória do Pai (Rm 6:4); do Verbo (Jo 1:14); dos filhos de Deus (Rm 8:21); e mesmo de corpos inanimados celestiais e terrenais (1 Co 15:40-41). Cada um tem sua própria glória, e tal glória evidentemente não é transferível; pois se pudesse ser transferida ou comunicada, perderia sua força especialmente distinta. Mas a glória pode estar na natureza da distinção conferida, como a uma criatura por um superior, e até mesmo ao próprio Senhor, visto como no lugar do Homem; como no monte da transfiguração e à destra de Deus (2 Pe 1:17; 1 Pe 1:21). E esta é uma distinção na qual outros podem, em certa medida, ter permissão para compartilhar (Jo 17:22).

A glória pode apropriadamente ser atribuída a uma pessoa, mesmo sob um exterior pelo qual não é expressa. Este foi evidentemente o caso de Cristo quando na Terra: a carne que Ele assumiu ao Se tornar Homem serviu para velar Sua glória. Da mesma forma, a glória dos filhos de Deus ainda não se manifestou, e até que se manifeste, a glória é a exultação do coração. Essa ideia é frequentemente encontrada nos Salmos.

E, além disso, este pensamento de glória oculta nos leva à glória de Deus, que, em sua expressão plena, é o esplendor ou exibição de Si mesmo no cumprimento de Seus conselhos, na esperança da qual os Cristãos se regozijam. Esses conselhos ocultos em Deus constituem, como se pode dizer, Sua glória; e em seu resultado eles mostram plenamente Sua sabedoria, amor e poder. Enquanto isso, eles vieram à luz por meio de Cristo estar à destra de Deus e do Espírito Santo ser dado. Temos agora a luz do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo.

A manifestação visível da glória parece conectada com a luz: era assim no monte da transfiguração (Mt 17:2). Deus habita na “luz inacessível” (1 Tm 6:16). Na nova Jerusalém, a glória de Deus a ilumina, “e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Ap 21:23). Quando o Senhor Jesus foi revelado a Saulo em sua conversão, ele foi cegado pela “glória daquela luz” (At 22:11 – JND), mas somente aquela luz divina poderia brilhar em sua alma.