Apóstolo
[geral]
A palavra grega; ἁπόστολος – apostolos significa “um mensageiro”, “enviado”, e é usada neste sentido para qualquer mensageiro (2 Co 8:23; Fp 2:25); e como “enviado” (João 13:16). Também é usada em um sentido muito mais elevado e enfático, implicando uma comissão divina naquele que é enviado, primeiro do próprio Senhor e depois dos doze discípulos que Ele escolheu para estar Consigo durante o tempo de Seu ministério aqui. O Senhor em Sua oração em João 17:18 disse: “Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo”. Ele foi o Enviado, e em Hebreus 3:1 está escrito “Pelo que, irmão santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão”34. Eles deviam considerar Aquele que tinha sido fiel e que era superior a Moisés, aos sacerdotes arônicos e aos anjos, e que estava em glória. A ordenação de uma dispensação dependia do ofício apostólico sendo divinamente designado.
Os Doze Apóstolos. O Senhor designou estes “para que estivessem com Ele e os mandasse [enviá-los – ARA] a pregar e para que tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios” (Mc 3:14-15), e também para cumprir as várias comissões dadas por Cristo na Terra. Será visto pela listagem que se segue que Lebeu, Tadeu e Judas são a mesma pessoa; e que Simão, o Cananeu (Cananita) e Simão Zelote são os mesmos; Pedro também é chamado de Simão; e Mateus é chamado de Levi.
Pedro é sempre nomeado primeiro; Pedro com Tiago e João estava com o Senhor no monte da transfiguração e também com Ele em outras ocasiões. Embora nenhum apóstolo tivesse autoridade sobre os outros: eram todos irmãos e o Senhor era o Mestre deles. Judas Iscariotes é sempre nomeado por último. Em Mateus, a palavra “e” divide os doze em pares, talvez correspondendo ao envio de dois em dois para pregar. Bartolomeu e Simão Zelote não são mencionados após sua nomeação, exceto em Atos 1.
Quando o Senhor enviou os doze a pregar, ordenou-lhes que não levassem nada, pois o trabalhador era digno de seu alimento; e ao voltarem confessaram que nada lhes faltou. Sua missão era com autoridade como os enviados do Senhor; doenças foram curadas e demônios expulsos; e se alguma cidade se recusasse a recebê-los, haveria mais tolerância para Sodoma e Gomorra no dia do juízo do que para aquela cidade (Mt 10:5-15).
Eles receberam uma nova missão do Senhor ressuscitado (veja Lc 24; Jo 20). E antes da ascensão, foi determinado aos apóstolos que permanecessem em Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder. Isso foi concedido na descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Eles também são vistos em primeiro lugar nos dons com os quais a Igreja foi dotada pela Cabeça do corpo quando Ele ascendeu ao alto (Ef 4:8-11). Esses dons eram para “o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo”. O Mistério até então oculto em Deus foi agora revelado aos Seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito, a saber, que os gentios seriam co-herdeiros, e membros de um mesmo corpo, e participantes de Sua promessa em Cristo Jesus (Ef 3). Paulo foi o vaso especial para tornar conhecida essa graça. Seu apostolado ocupa um lugar peculiar, tendo sido chamado pelo Senhor desde o céu e sendo encarregado com o evangelho da glória. Veja: Paulo.
Com a morte de Judas Iscariotes, Matias, um dos primeiros discípulos, foi escolhido em seu lugar, pois deve haver doze apóstolos como testemunhas de Sua ressurreição (At 1:22; Ap 21:14); assim como ainda deve haver doze tribos de Israel (Tg 1:1; Ap 21:12) (independentemente de Paulo, que, como vimos, ocupou um lugar único). No ajuntamento da igreja em Jerusalém a respeito dos gentios, “os apóstolos” tiveram um papel proeminente, com os anciãos em Atos 15. Quantos apóstolos permaneceram em Jerusalém não está registrado: não lemos sobre “os doze” depois de Atos 6. A tradição fornece os vários locais onde trabalharam, que podem ser encontrados nos verbetes relativos aos nomes de cada um deles. A Escritura silencia sobre o assunto, a fim de que a nova ordem de coisas confiada a Paulo se tornasse proeminente, à medida que as coisas mais antigas relacionadas com o judaísmo desapareciam (compare 2 Pe 3:15-16).
Não houve sucessores para os apóstolos; para serem apóstolos, eles deveriam ter “visto o Senhor” (At 1:21-22; 1 Co 9:1; Ap 2:2). O alicerce da Igreja foi lançado, e o trabalho apostólico tendo sido concluído, os apóstolos faleceram, mas permanecem, pela bondade de Deus, os dons necessários “até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito [homem maduro – JND], à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4:12-13).
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N. do A.: A palavra “Cristo” é omitida em algumas traduções.