Sinagoga
[geral]
Esta palavra ocorre apenas uma vez no Velho Testamento (Sl 74:8 – AIBB), mas a mesma palavra hebraica (med) é muitas vezes traduzida como “congregação”. O Sr. Darby traduz no Salmo 74:8 como “locais de reunião”. A palavra συναγωγή – sunagōgē ocorre muito frequentemente na LXX, mas como tradução de cerca de 20 palavras hebraicas diferentes: “congregação” ou “ajuntamento” é o pensamento principal. Até onde se sabe, não existiam edifícios chamados sinagogas nos tempos do Velho Testamento. Foi considerado que elas surgiram depois do cativeiro, e isso pode ter sido ocasionado pelo desejo de perpetuar a obra iniciada pelo povo, pedindo a Esdras que lesse para eles o livro da lei, quando aqueles que ouviram foram profundamente comovidos (Ne 8-9).
Na exploração da Palestina, foram descobertos restos de edifícios, que são considerados que tenham sido sinagogas. Elas são uniformes em planta e diferem das ruínas de igrejas, templos e mesquitas. Em duas delas havia uma inscrição em hebraico para a entrada principal, uma em conexão com um castiçal de sete braços e a outra com figuras do cordeiro pascal. Um edifício retangular simples atendia ao propósito. Elas eram frequentemente construídas por contribuições gerais, embora às vezes por um judeu rico, ou em alguns casos por um gentio, como aquela construída pelo centurião em Cafarnaum (Lc 7:5).
Uma arca era colocada em uma extremidade, na qual eram depositados os livros sagrados. Perto da qual estava o lugar de honra, ou as “primeiras cadeiras”, que alguns procuravam (Mt 23:6, Tg 2:2-3 – onde a palavra traduzida como “assembleia” é “sinagoga”). Mais próximo do centro do edifício, havia uma plataforma elevada com uma espécie de escrivaninha ou púlpito, onde o leitor ficava. Uma divisória separava as mulheres dos homens.
É sabido que uma porção da lei e dos profetas era lida todos os sábados, e é claro em Atos 13:15 que se alguém estivesse presente e tivesse uma “palavra de consolação [exortação – ARA] para o povo”, a oportunidade era dada para que fosse trazida. Orações também eram feitas, sem dúvida, mas não se sabe até que ponto se assemelhavam ao ritual judaico moderno. O Senhor falou dos hipócritas que gostavam de orar em pé nas sinagogas, onde também ofereciam esmolas ostensivamente (Mt 6:2, 5).
Era costume do Senhor visitar as sinagogas, e nelas Ele operava alguns de Seus milagres e ensinava ao povo (Mt 4:23). Em Lucas 4, o Senhor, na sinagoga de Nazaré, levantou-Se para ler e foi entregue a Ele o livro do profeta Isaías. Depois de ler uma parte que expõe Sua própria atitude entre eles (parando no meio de uma frase), Ele Se assentou e falou “palavras de graça” para eles. Sua exposição da passagem não é dada, exceto “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”. Está registrado que as pessoas tinham o hábito de expressar livremente suas opiniões a respeito do que era ensinado, e aqui elas diziam: “Não é Este o filho de José?” Em Atos 13:45, os judeus “encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo dizia”.
Paulo também teve permissão para falar na sinagoga de Damasco, quando mostrou aos judeus que Jesus era o Filho de Deus (At 9:20); e muitas vezes depois ele “arrazoou” ou “disputou” (διαλέγομαι – dialegomai) com os judeus em suas sinagogas (At 18:4, 19, 19:8).
É importante ver que em todos os lugares em seus próprios edifícios um claro testemunho foi prestado pelo próprio Senhor quanto ao significado de Sua Aparição entre eles; e depois por Paulo e outros para a obra que Ele havia realizado por Sua morte e ressurreição por eles – referência sendo feita constantemente às Escrituras que professavam reverenciar e seguir. A realidade do testemunho foi felizmente provada pela salvação de muitos, e que deixou aqueles que o recusaram sem desculpa.
Ser “expulso da sinagoga” era a excomunhão judaica. O Senhor disse a Seus discípulos que isso seria imposto a eles (Jo 9:22, 16:2). O único caso registrado é o do cego de nascença, quando deu testemunho de Cristo. Foi uma troca feliz para ele, pois o Senhor então Se revelou a ele como o Filho de Deus (Jo 9:34-38). De outros, lemos que muitos dos principais criam no Senhor, mas temiam confessá-Lo para não serem expulsos, “Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus” (Jo 12:42-43).
É evidente pelo que Pilatos disse aos judeus com referência ao Senhor – “Levai-O vós e julgai-O segundo a vossa lei” – que eles tinham permissão para julgar certos assuntos e infligir punições limitadas (Jo 18:31). Isso parece ter acontecido onde quer que houvesse uma sinagoga, embora não esteja claro quem eram os juízes – provavelmente os “anciãos” mencionados em Lucas 7:3. O Senhor disse a Seus discípulos que eles seriam açoitados nas sinagogas (Mt 10:17); e Paulo confessou que, ao perseguir a Igreja, ele havia aprisionado e espancado em todas as sinagogas aqueles que criam no Senhor (At 22:19). O próprio Paulo, sem dúvida, sofreu punição semelhante nos mesmos edifícios (2 Co 11:24). Assim, um uso muito indigno foi feito de seus locais de culto.
Os que trabalhavam ligados às sinagogas eram:
- O zaqenim, πρεσβύτεροι – presbuteroi, os mais velhos (Lc 7:3). Estes foram presididos por;
- Um ἀρχισυνάγωγος – archisunagōgos, principal, príncipe da sinagoga (Mc 5:22, 35-36, 38; Lc 8:49, 13:14; At 13:15, 18:8, 17).
- O sheliach, um delegado da congregação, que atuou como leitor principal: ele não é mencionado no Novo Testamento.
- O chazan, ὑπηρέτης – hupēretēs, traduzido geralmente como “servo, ministro, oficial,” apenas uma vez mencionado em conexão com a sinagoga como o “assistente” a quem o Senhor deu o livro quando Ele terminou de ler (Lc 4:20).
- Os batlanim, descritos como “homens de lazer”, que frequentavam as reuniões regularmente. Havia pelo menos dez deles ligados a cada sinagoga, para formar um quórum, sendo dez o número mais baixo para formar uma congregação.
Sinagoga de Satanás. Alguns que professavam, como os judeus, reivindicar serem considerados o povo de Deus com base no direito hereditário. Estes são declarados mentirosos, pois eles realmente formam uma congregação de Satanás, fazendo sua obra em seduzir os santos de seu caráter celestial (Ap 2:9, 3:9). Em ambos os casos, eles podem ser judeus, embora rejeitados por Deus.