Jeremias, Livro de
[bíblia]
Essa profecia começou no décimo terceiro ano de Josias, 629 a.C., e se estendeu além da destruição de Jerusalém. O grande cativeiro foi em 599 a.C., quando Zedequias foi deixado em Jerusalém por Nabucodonosor, e Jerusalém não foi destruída até 588 a.C., 11 anos depois. Grandes esforços foram feitos pelo profeta para levar Zedequias ao temor do Senhor. O que marca especialmente o espírito do profeta pessoalmente é a tristeza. Foi uma tristeza para ele ver Judá se afastando do Senhor e ser obrigado a predizer o juízo de Deus sobre eles, o povo que ele amava; adicionado ao que ele realmente sofreu da mão daqueles a quem ele procurou ajudar. Uma tristeza semelhante é vista no Senhor Jesus com respeito a Jerusalém, e em Paulo com respeito à Igreja. Em alguns casos parábolas de Jeremias foram vividas, assim como de forma mais forçosa para impressionar as pessoas descuidadas. As profecias não são organizadas cronologicamente, mas, sem dúvida, há uma razão divina pela qual essa ordem não é seguida. Na LXX a ordem dos capítulos difere amplamente daquela no hebraico e nas nossas versões, mas não se sabe o que levou à diferença. A LXX parece ter sido feita a partir de uma cópia defeituosa, ou o texto foi mal interpretado pelos tradutores, pois há muitos desvios do hebraico. A frase “diz o Senhor” é omitida 64 vezes, com outras omissões – ao todo cerca de um oitavo do total.
Jeremias 1. Jeremias está estabelecido em seu cargo, ao qual foi santificado desde seu nascimento como profeta para as nações, Israel tendo sido colocado no meio dos gentios como o centro direto do governo de Deus na Terra. Ele estava em grande temor, mas tinha certeza da presença de Deus. Ele viu uma vara de uma amendoeira (que é a primeira árvore a florescer), significando que Deus Se apressaria em realizar o que Ele disse. O profeta também viu uma panela fervendo, e sua face voltada para o norte, respondendo à Caldeia.
Jeremias 2-6. Esta seção é um apelo a Jerusalém com exortações ao arrependimento e advertências sobre o que havia acontecido a Israel. Foi dado nos dias de Josias, quando houve uma reforma, mas eles não se voltaram para Deus de todo o coração: a rebelde Israel justificou-se mais do que a falsa Judá (Jr 3:6, 11).
Jeremias 7-10. Esta seção diz respeito ao templo. O povo se gabava de possuir o templo, mas havia insinceridade e idolatria. Exortações comoventes são feitas e juízos declarados.
Jeremias 11-12. A responsabilidade do povo é pressionada: eles haviam feito aliança com Deus, mas haviam caído na idolatria, de modo que o Senhor pergunta: “Que tem o Meu amado (povo) que fazer na Minha casa?” O juízo seguiria; mas aqui e ali as bênçãos futuras são mencionadas. Há uma profunda tristeza pela necessidade dos juízos. Jeremias 12:14 mostra o trabalho do profeta contra as nações – “meus maus vizinhos”.
Jeremias 13. A destruição do orgulho de Jerusalém é predita sob a figura de um cinto apodrecido que Jeremias escondeu; a grande tristeza sendo que, como um cinto se apegue aos lombos de um homem, o Senhor fez com que todo o Israel se apegasse a Ele para Sua glória, mas eles O deixaram (compare Lc 19:41). (Alguns opositores consideram muito improvável que Jeremias recebesse ordem de ir de Jerusalém ao Eufrates para esconder o cinto, e depois buscá-lo de volta. Alguns julgam que foi apenas uma visão, e outros que Efrata – isto é, Belém – é o que se quer dizer e não o Eufrates. Jeremias pode ter ido, porém, apenas uma vez, e teria sido uma impressionante lição de obediência ao Senhor percorrer uma distância tão longa135 nessa missão.) Segue-se a parábola dos odres de vinho, com exortações ao arrependimento das abominações.
Jeremias 14-15. Uma terrível fome ocorreu: o Senhor não intercederia por eles, mas Jeremias assume o pecado do povo e o reconhece; mas a resposta (Jr 15) é terrível. Os falsos profetas não eram desculpa: eles foram totalmente rejeitados. Jeremias, embora amasse o povo, era odiado por eles. Ele havia se apresentado ao povo pelo Senhor, que agora o identificava com o remanescente. Deveria estar bem com eles. Enquanto isso, as palavras do Senhor eram o gozo de seu coração. O Senhor o livraria.
Jeremias 16-17. O profeta é instruído a não tomar mulher: os filhos daquele lugar deveriam morrer (compare Mt 12:46, 50). Deus os expulsaria da terra, mas havia misericórdia reservada para o futuro. O profeta foi ridicularizado pelo povo: ele teve que chamá-los para a observância do sábado.
Jeremias 18-20. Deus era o oleiro e o povo o barro: Ele podia fazer o que quisesse com eles ou com qualquer nação – demolir ou edificar; mas eles decidiram caminhar após suas próprias imaginações. Ele cumpriria Sua Palavra a respeito deles. O povo armou uma conspiração contra Jeremias: ele foi lançado no tronco e ferido por Pasur, sobre o qual foi anunciada uma condenação. Jeremias lamentou sua sorte.
Jeremias 21-24. Quando Nabucodonosor veio contra Jerusalém, Zedequias enviou ao profeta para saber se o Senhor apareceria por eles. Jeremias teve que proferir a terrível notícia de que o próprio Deus lutaria contra eles. Foi dito ao povo que, se eles se rendessem ao rei da Babilônia, viveriam; se não, eles morreriam. Eles foram exortados ao arrependimento, e as profecias contra Salum, Jeoaquim e Conias (ou Jeconias) são detalhadas. Ai dos pastores, mas havia um dia de bênção chegando, quando o verdadeiro Filho de Davi, o Renovo e Rei justo, deveria reinar e prosperar. Uma lamentação foi feita contra os falsos profetas. O povo levado com Jeconias para a Babilônia por Nabucodonosor é comparado a figos bons; mas aqueles, deixados na terra sob Zedequias, como a figos maus.
Jeremias 25. Dá um resumo dos juízos de Deus por meio de Nabucodonosor, com um cativeiro de 70 anos para Judá: então Babilônia e todas as nações que cercavam a Palestina ficariam sob os juízos de Deus, mas o juízo começa com a cidade chamada pelo nome de Deus.
Jeremias 26. No início do reinado de Jeoaquim, Jeremias exortou ao arrependimento, mas os sacerdotes e profetas exigiram sua morte. Os príncipes, entretanto, o protegeram e os anciãos lembraram ao povo que Ezequias não matou Miqueias. Aparentemente, foi respondido a isso que Jeoaquim havia matado o profeta Urias. Aicão, entretanto, protegeu Jeremias.
Jeremias 27. Muito provavelmente o nome Jeoaquim em Jeremias 27:1 deveria ser Zedequias; mas pode ser que a profecia foi dada a Jeremias nos dias de Jeoaquim, embora não fosse relatada até os dias de Zedequias. O rei é exortado a se submeter ao rei da Babilônia.
Jeremias 28. Hananias profetiza falsamente e sofre oposição de Jeremias, que prediz sua morte.
Jeremias 29. Jeremias escreveu aos cativos na Babilônia, exortando-os a se estabelecerem ali, e Deus os traria de volta ao final dos 70 anos. Os falsos profetas são condenados.
Jeremias 30-31. Os cativos certamente devem retornar; mas esses capítulos se aplicam ao futuro, e essa restauração será depois do “tempo de angústia para Jacó”, uma tribulação como nunca houve (compare Mt 24; Mc 13). As bênçãos da nova aliança dizem respeito a Judá e Israel. Deus aparecerá para eles, e a restauração será plena e completa, com bênção universal.
Jeremias 32-33. Jeremias foi preso por Zedequias, mas ele comprou um campo em sinal de sua garantia do retorno dos cativos. Em Jeremias 33, a profecia continua para o futuro, quando o Senhor Jesus aparecerá como o Renovo de justiça e o sucessor de Davi (Jr 33:15).
Jeremias 34. Todos os que tinham servos hebreus fizeram um pacto com Zedequias e os libertaram, mas depois tornaram a escravizá-los. Isso é denunciado por Jeremias e a punição deles é predita.
Jeremias 35. A fidelidade dos recabitas é apresentada como um exemplo digno: Deus os abençoaria e à sua posteridade.
Jeremias 36. Jeremias fez com que Baruque escrevesse sua profecia contra Jerusalém em um rolo. Ao ser lido ao rei Jeoaquim, ele queimou o livro e procurou prender o profeta e Baruque; mas Deus os escondeu. Outro rolo foi obtido e as profecias reescritas.
Jeremias 37-39. A tomada de Jerusalém estava próxima. Jeremias estava prestes a deixar a cidade, mas foi preso, espancado e colocado na prisão. Zedequias deu-lhe algum alívio; mas ao predizer a queda da cidade, ele foi colocado em uma masmorra, onde afundou na lama. Ele foi entregue por Ebede-Meleque, um etíope, sobre quem uma bênção foi pronunciada. A cidade foi tomada. Zedequias foi capturado pelos caldeus; seus filhos foram mortos diante de seus olhos e ele mesmo foi cegado e levado para a Babilônia. Jeremias foi protegido por Nabucodonosor.
Jeremias 40-45. Esses capítulos contam a história do remanescente deixado na terra sob Gedalias, Jeremias estando com eles. Gedalias foi morto por Ismael, enviado pelo rei dos amonitas, e o povo foi levado embora. No entanto, foram resgatados por Joanã, e Jeremias foi solicitado a consultar a Deus por eles, prometendo o povo obediência. Deus ordenou-lhes que permanecessem na terra; mas eles, recusando-se a obedecer, foram para o Egito, levando Jeremias consigo. Lá eles persistentemente praticavam a idolatria, embora advertidos por Jeremias. O fim de Jeremias não é registrado.
Jeremias 46-51. Juízos são pronunciados contra as várias nações que estiveram em contato com Israel. Deus havia usado algumas delas como Seus instrumentos; mas seu orgulho, malícia e crueldade deveriam ser punidos posteriormente. Os juízos deveriam cair sobre o Egito, os filisteus, Moabe, os amonitas, Edom, Damasco, Quedar, Elão e Babilônia. A profecia contra a Babilônia foi escrita em um livro e dada a Seraías, “um príncipe pacífico”, para ser levada à Babilônia, para ser lida ali; então ele deveria amarrar uma pedra ao livro e lançá-la no Eufrates. Babilônia ficaria desolada para sempre.
Babilônia tem um lugar especial na profecia de Jeremias: Israel e Judá foram infiéis, e o governo do mundo foi confiado à Babilônia; mas a Babilônia falhou e sua destruição foi a libertação de Judá para retornar à sua terra. Esta foi uma figura do juízo do último império em um dia futuro, quando Israel será totalmente restaurado e abençoado. Isso é prefigurado em alguns lugares, como em Jeremias 50:17-20, que fala que Judá e Israel foram perdoados. Jeremias 51 termina com “Até aqui as palavras de Jeremias”.
Jeremias 52. É histórico e quase igual a 2 Reis 24:18-25:30.
O nome do profeta ocorre no Novo Testamento (Mt 2:17, 16:14, 27:9).
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N. do T.: Cerca de 900 km.