Apêndice 48. Conhecer, Perceber, Entender.
Por essas e outras traduções várias palavras no original são expressas, sem nenhuma preocupação em distingui-las. Isso pode nem sempre ser possível em nosso idioma, mas as diferenças não são irrelevantes.
γινώσκω – ginóskó (g1097) (com o seu substantivo γνῶσις – gnósis – g1108), ἐπιγινώσκω – epiginóskó (g1921) (com o seu substantivo ἐπίγνωσις – epignósis – g1922), οἶδα – oida (g1492), e ἐπίσταμαι – epistamai (g1987) são as palavras gregas comuns.
As duas primeiras são encontradas juntas em 1 Co 13; no v. 8 há um conhecimento (gnōsis) que desaparecerá, pois é explicado no v. 9: “sabemos (ginōskomen) em parte”, Assim é muito diferente esse conhecimento em seu presente caráter fragmentário daquele que será “quando vier o que é perfeito” (v.10); o que leva ao contraste de 1 Co 13:12: “agora, conheço (ginōskō) em parte, mas, então, conhecerei (epignōsomai) como também sou conhecido (epegnōsthēn)”. A diferença entre as duas palavras é o carácter intensivo dado a gnósis, “conhecimento” (ou ao seu verbo) pela preposição ἐπί – epi (g1909) sendo adicionada a ela, tornando-a “um conhecimento mais profundo e mais íntimo, e familiarizado”. No entanto, apenas em uma passagem isto é reconhecido, 2 Co 6:9, onde epiginóskó é traduzido “bem conhecidos”. Mas as seguintes passagens em que a palavra composta epignósis ou epiginóskó é encontrada confirmará sua força distintiva: Rm 3:20, 10:2; Ef 1:17, 4:13; Fp 1:9; Cl 1:6, 9-10, 2:2, 3:10; 1 Tm 2:4, 4:3; Tt 1:1; 2 Pe 1:2-3, 8: compare Mt 11:27.
Em algumas passagens, a palavra composta, especialmente no verbo, dá o significado de “certo conhecimento pessoal e o consequente reconhecimento da verdade de uma coisa”, “reconhecer porque conhecemos”; veja Mt 7:16, 20, 14:35; Mc 5:30, 6:33, 54; Lc 1:4, 22 “perceber”, e assim também Lc 5:22 – ARA e Mc 2:8 – TB); Lc 24:16, 31; At 4:13, 24:8; Rm 1:32; 1 Co 14:37 (“reconhecer” e também 16:18; 2 Co 1:13); 2 Co 13:5. Isto pode ajudar quanto ao uso de epignósis em passagens como Rm 1:28 (compare a forma simples da palavra γνωστός – gnóstos (g1110) em Rm 1:19 quanto a como se obter o conhecimento correto; 2 Tm 2:25, 3:7; Hb 10:26.
ginóskó e oida são encontradas juntas (Jo 3:10-11, 8:55, 21:17; Hb 8:11; 1 Jo 2:29, 5:19-20, com a mesma tradução nas diferentes palavras usadas. ginóskó é “vir a conhecer” e é usada no caso de conhecimento adquirido e comunicado objetivamente, uma verdadeira apreensão de impressões externas; em comparação com oida (que provém de ἰδεῖν – idein, “ver com os olhos da mente”) que é a consciência interior, o conhecimento na mente de alguém (de onde um derivado dela significa “consciência”) é o termo mais abrangente. Lemos em Hb 8:11, que não haverá necessidade de dizer “Conhece (Gnōthi) o Senhor; porque todos Me conhecerão (oida)” –conscientemente em si mesmos, o conhecimento interno. Então 1 Jo 2:29 “Se sabeis (oida)...” – o conhecimento percebido interiormente – “... que Ele é Justo, sabeis (ginōskete)” – ter o conhecimento vindo do exterior pelo testemunho prestado – “que todo aquele que pratica a justiça é nascido d’Ele”. Em 1 Jo 5:20, o “sabemos” é o interiormente percebido (oida) assim como em 1 Jo 5:18-19, enquanto o “conhecemos” é o conhecimento ao qual chegamos pelo Filho de Deus ter vindo. Em Jo 3:10 era um conhecimento adquirido (ginōskeis) tal como um mestre de Israel deveria ter tido, enquanto em Jo 3:11 é aquele do Senhor Jesus e daqueles que Ele associa Consigo, “dizemos o que sabemos (oida)” com a mesma diferença em Jo 8:55 – entre os judeus que não tinham conhecimento objetivo (egnōkate) de Deus, e o conhecimento do Senhor (oida), três vezes repetida no versículo. Em 1 Co 8:1: “sabemos” – conhecimento consciente (oida) “que todos temos ciência [conhecimento JND] (gnōsin)” – objetivo; da mesma forma, a ciência (gnósis) “incha”. Em 1 Co 8:2 – TB “pensa que conhece” do texto comum é oida, mas ἐγνωκέναι – egnōkenai (que provém de ginóskó) manifesta melhor, como duas vezes na última parte – “não sabe (egnō)”, ou seja objetivamente “como convém saber (gnōnai)” – assim também em 1 Co 8:3 “conhecido (egnōstai) d’Ele”. Em 1 Co 8:4, “sabemos (oida)” é conhecimento consciente interior, 1 Co 8:10 é aquilo que um homem tem aprendido, adquirido (gnōsin).
Para oida, veja Mt 12:25 (Mt 12:15 é γνούς – gnous, “sabendo disso”); Em Mc 1:34; os demônios tinham o conhecimento consciente interior de Quem Ele era. 1 Co 2:11 mostra sua força claramente (note que na segunda parte, a leitura ginóskó de conhecer as coisas de Deus parece melhor manifestada). 1 Co 13:2, conhecer interiormente em minha mente (oida), (mais forte do que se ginóskó tivesse sido usado); 2 Co 12 é oida em tudo. Em Ef 5:5 a verdadeira leitura, ἴστε – iste (que provém de oida) γινώσκοντες – ginōskontes – “bem sabeis [sabeis com certeza – TB]”, reúne as duas palavras de maneira interessante – o conhecimento adquirido objetivamente passou para o conhecimento consciente interno – do que eles estavam bem cientes, sabendo – um processo que, quanto ao uso das palavras, não podia ser revertido. Em 2 Tm 1:15, o apóstolo não precisava informar a Timóteo por causa do conhecimento consciente – oida. Compare 2 Tm 3:1 onde em “sabe, porém, isto (ginōske)” Paulo comunica o que não poderia ser conhecido de outra forma. 2 Tm 1:12 foi sua própria percepção interior (oida) como em 2 Tm 3:14 foi a de Timóteo (oida).
epistamai é principalmente “saber” com um tal conhecimento como é adquirido pela proximidade com a coisa conhecida, sendo também utilizada para fixar a mente ou pensamentos em algo; é, portanto, o conhecimento adquirido pela experiência – como aquele de um especialista (ἐπιστήμων – epistēmōn, um adjetivo formado a partir dela, encontrada apenas em Tg 3:13, é traduzida como “entendido [instruído – TB]”). O verbo é encontrado em Mc 14:68 (“compreendo”), onde é associado a oida quando Pedro negou o Senhor. Isso ocorre com frequência nos Atos (At 18:25, 19:25, 20:18, 26:26); Também em Jd 10, há o que eles não sabem (não tinha conhecimento consciente de oida) e aquilo que naturalmente conhecem (epistantai). Em At 19:15 epistamai é encontrada com ginōskō: “Conheço (ginōskō) a Jesus e bem sei (epistamai) quem é Paulo”. Veja, para a mesma palavra, 1 Tm 6:4 e Hb 11:8; Abraão não tinha conhecimento por experiência para aonde estava indo, assim como nós não sabemos o que acontecerá amanhã (Tg 4:14).
συνίημι – suniémi (g4920) é outra palavra encontrada para “entender” ou “compreender”, sendo na verdade sempre assim traduzida (embora ginōskō e oida também são ocasionalmente traduzidas “compreender”). suniémi (que provém de σύν – sun – g4862 e ἵημι – iēmi) é “trazer ou colocar juntos” (mesmo num sentido hostil), torna-se figurativamente a expressão da capacidade inata da alma para conectar o objeto exterior com o senso interior; é pesar, considerar com atenção e assim entender o significado de uma coisa. Veja Mt 13:13-14 e passagens paralelas, também Mt 13:19, 23, 51; Mc 7:14, 8:17, 21; Lc 24:45; At 7:25. Além dos Evangelhos e dos Atos, só é encontrada em Rm 3:11, 15:21; Ef 5:17 e 2 Co 10:12, sendo que nessa última passagem “não são inteligentes” (JND) preservaria melhor o sentido. O substantivo correspondente σύνεσις – sunesis (g4907), “inteligência” ou “compreensão”, ocorre em Ef 3:4, “a minha compreensão [inteligência – JND] do mistério”; em Cl 1:9, “inteligência espiritual”; também Cl 2:2, “plenitude da inteligência”; 2 Tm 2:7 “o Senhor te dará entendimento [compreensão – ARA] em tudo”.