Apêndice 26. Verdadeiro, O Verdadeiro.

Tanto ἀληθήςaléthés (g227) quanto ἀληθινόςaléthinos (g228) são traduzidas como “verdadeiro”, mas não com o mesmo sentido. A diferença pode ser vista nas duas expressões que “Deus é verdadeiro (aléthés) em Jo 3:33; e “o único Deus verdadeiro (aléthinos) em Jo 17:3. A língua latina tem duas palavras que mostram a distinção, verax e verus, como aparecem na Vulgata.

aléthés significa aquilo que é de acordo com a verdade: “seja Deus verdadeiro!” (Rm 3:4) em contraste com a falsidade do homem; mas não há uma boa palavra em inglês para traduzir aléthinos. Em algumas passagens, sem dúvida, “real”, “genuíno” ou a antiga palavra inglesa “very” (próprio) pode ser usada, como Wycliffe traduziu Jo 15:1; “Eu Sou a própria videira (verri vyne)”. Mas “próprio” não seria adequado em muitos lugares, como em “O que é Santo, O que é Verdadeiro” (Ap 3:7).

O arcebispo Trench observa “Deus é aléthés (Jo 3:33; Rm 3:4; = verax) visto que Ele não pode mentir, pois Ele é ἀψευδήςapseudés (g893) (Tt 1:2) o Deus que ‘fala a verdade’ e ‘ama a verdade’. Mas Ele é aléthinos (1 Ts 1:9; Jo 17:3; Is 65:16; = verus) – o próprio Deus – como distinto dos ídolos ou de todos os falsos deuses”. Ele acrescenta que aléthinos nem sempre é o verdadeiro em oposição ao falso. Em vez disso, é muitas vezes aquilo que é substancial em oposição à sombra e ao esboço: assim, em Hb 8:2 temos o σκηνὴ ἀληθινή (alēthinēs), “verdadeiro tabernáculo”, no qual nosso grande Sumo Sacerdote entrou, implicando que aquele tabernáculo no deserto era apenas uma cópia terrenal daquele que tinha a mais real existência no céu. Da mesma forma, Cristo é considerado τὸ φῶς τὸ ἀληθινόν (alēthinon), “a verdadeira luz” (Jo 1:9), embora João Batista também fosse “a candeia (λύχνος – lychnos) que ardia e alumiava” (Jo 5:35). Cristo também é ἡ ἄμπελος ἡ ἀληθινή (alēthinē), “a videira verdadeira” (Jo 15:1), não negando que Israel era a videira de Deus, mas implicando que ninguém, exceto Ele, expressou o nome por completo.

Resumindo, o arcebispo diz: “Podemos afirmar de aléthés que Ele cumpre a promessa de Seus lábios; mas de aléthinos, a promessa mais ampla de Seu nome. O que quer que esse nome importe, tomado em sua forma mais elevada, o sentido mais profundo e amplo – seja o que for de acordo com o que Ele deva ser – de que Ele é em plenitude”.